quinta-feira, 5 de julho de 2012

Novo método facilita sequenciamento de DNA no pré-natal


Posted: 15 Jun 2012 06:20 AM PDT
NOVA YORK – Pela primeira vez, pesquisadores determinaram praticamente todo o genoma de um feto usando apenas uma amostra de sangue de uma mulher grávida e de saliva do pai. O experimento abre uma era em que os pais poderão facilmente conhecer todo o DNA de uma criança meses antes de seu nascimento. Essa conquista permitiria que milhares de doenças genéticas sejam detectadas ainda no pré-natal.
No entanto, a capacidade de saber tanto sobre uma criança antes mesmo de seu nascimento deve levantar também uma série de questionamentos éticos. O número de abortos pode crescer, e não por motivos médicos, mas apenas pelas preferências dos pais por certas características das crianças.
— É um esforço extraordinário de tecnologia, realmente notável — elogiou Peter Benn, professor de Genética e Desenvolvimento Biológico da Universidade de Connecticut, que não teve envolvimento com a pesquisa. — O que eu vejo neste trabalho é um olhar para o futuro.
O trabalho, publicado esta semana pela revista “Science Translational Medicine”, foi produzido por geneticistas da Universidade de Washington. Os pesquisadores usaram uma técnica de sequenciamento de alta velocidade de DNA e algumas acrobacias estatísticas e computacionais para deduzir o sequenciamento de DNA do feto com cerca de 98% de precisão.
O processo não é prático, acessível ou preciso o suficiente para ser usado de imediato, segundo especialistas. Pesquisadores da Universidade de Washington estimam que custaria entre US$ 20 mil e US$ 50 mil para realizar um genoma fetal hoje.
Mas o custo do sequenciamento do DNA está caindo em um ritmo veloz, e a exatidão só faz aumentar. Os pesquisadores estimaram que o procedimento estará amplamente disponível em três a cinco anos. Outros acreditam que vai demorar um pouco mais.
Já é possível determinar o sequenciamento de DNA de um feto pela aquisição de células fetais via amniocentese ou pela biópsia de vilo corial, um trabalho com o tecido placentário. Mas estes procedimentos são invasivos e provocam um pequeno risco de indução de aborto.
Para casais preocupados em transmitir uma doença genética, também é possível usar fertilização in vitro e ter um embrião testado geneticamente antes de seu implante no útero. Mas a técnica descrita na pesquisa da Universidade de Washington não requer células completas do feto e tornaria o teste de DNA mais fácil e menos arriscado.
— Se esse tipo de experimento for adotado em uma base generalizada, acredito que deva ser necessariamente algo não-invasivo — disse Jay Shendure, professor associado de Ciências Genômicas da Universidade de Washington, que supervisionou a equipe de pesquisadores.
O genoma foi determinado por amostras de sangue obtidas com 18 semanas e meia de gravidez. Shendure, porém, afirmou que a técnica poderia provavelmente ser aplicada no primeiro trimestre de gestação, tão cedo, ou ainda mais, do que algumas técnicas invasivas.
O novo método aproveita-se da descoberta, feita nos anos 1990, de que fragmentos do DNA do feto podem ser encontrados no plasma sanguíneo de uma mulher grávida, provavelmente como resultado de células fetais morrendo e se dividindo.
Os fragmentos podem ser analisados geneticamente, desde que estes pedaços de DNA fetal sejam separados de um número muito maior, que vem da própria mãe.
A análise dos fragmentos fetais de DNA encontrados no sangue da mulher grávida já é usada em testes comerciais para saber o sexo do feto, a paternidade e se ele tem doenças genéticas. Mas reconstruir um genoma inteiro a partir de fragmentos de DNA é muito mais difícil.

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